La Marzocco Linea Mini: vale ter uma "Ferrari" em casa?
Lembra quando você sonhava em completar 18 anos para ganhar a liberdade de um adulto?
Ou, quando sonhou com seu primeiro estágio após entrar na faculdade?
O fato é que todo entusiasta na arte de preparar um bom café em casa e cada vez melhor, assim como eu sou, já deve saber sobre qual sonho me refiro.
O sonho de todo coffee lover é ter uma máquina de espresso em casa!
No entanto, para tirar um espresso em casa eu acho essencial ter um curso preparatório e a disposição para treinar o ofício. Porque o investimento em qualquer máquina será em vão se você não conhecer o que realmente está por trás de um bom café espresso.
Sobre a importância de como tirar ou reconhecer um espresso de verdade, eu conto lá no meu livro Barista Júnior - Relato Pessoal de Aprendizado e Guia Básico sobre Mundo do Café.
Sabendo disso, a ideia deste post é contar a minha jornada de home barista ou barista doméstico (ou caseiro?) com três diferentes máquinas dos seguintes fabricantes:
Gaggia,
Rancilio e
La Marzocco.
Tirando espressos em casa com a Gaggia
Após terminar meu primeiro curso de barista no Coffee Lab de São Paulo, em meados de 2014, eu acabei adquirindo a minha primeira máquina de espresso: a Gaggia, modelo Twin Baby.
Numa das minhas inúmeras viagens corporativas à Seattle, cidade berço da gigante Starbucks (a rede nada tem a ver com o motivo dessa viagem), eu consegui colocar essa menina na minha bagagem normal para São Paulo.
A Gaggia me deu a possibilidade de extrair, manualmente, um café espresso milhares e milhares de vezes. Com ela e por ela, estraguei muito grão bom.
Com o passar do tempo, aprendi até um jeitinho de controlar a temperatura e a pressão.
“Ahhh, você tá dizendo que a Gaggia tem regulagem manual de pressão?” Não! Não tem.
E já digo que ela também não tem regulagem manual de temperatura.
Mas preciso dizer que ela tem uma facilidade de uso ímpar. O porta-filtro tem o tamanho de gente "profissional" (58) e ela esquenta a água bem rápido para o seu espresso sair rapidinho.
Como sou um péssimo fotógrafo, resolvi fazer uma colagem como essa aí de cima para dar uma boa enganada. As fotos são de 2014 ou 2015 e foram as melhores que encontrei na minha biblioteca. Só pra te alertar da minha grande capacidade de capturar momentos :)
O modelo Twin Baby não é mais fabricado pela Gaggia. No website oficial da marca, você encontra hoje outros similares como: a ‘Classic 30’, a ‘New Classic’ ou a ‘Viva Prestige’.
Detalhe importante! O site agrupa as máquinas de espresso entre automáticas e manuais. Portanto, e só pra reforçar, as máquinas de café espresso as quais me refiro são todas manuais :)
Tirando espressos em casa com a Rancilio
Ansioso por um espresso um pouco mais profissional, fui e comprei uma Rancilio - modelo Silvia. Muito bem falada por muitos baristas.
Por sorte, tenho muito mais fotos da Rancilio. Achei até uma imagem da placa do fabricante com as especificações do brinquedo. Assim como a Gaggia, a Rancilio é “Made in Italy”.
No fim do post, eu conto porque tenho mais fotos e em detalhes da Rancilio.
Curioso foi ver só agora a grafia da palavra espresso com X na tal placa.
Expresso ou Espresso - qual grafia está correta? Este assunto dá um pano pra manga. Eu fico sempre com o S - de Senna - e de ESPRESSO!
Achei a Silvia uma máquina muito boa no quesito pressão, porém mais técnica de lidar com o boiler (caldeira).
Para tirar um espresso atrás do outro, você precisa esperar a água aquecer no boiler novamente.
Para tirar um capuccino, existe toda um outro traquejo de esperar a temperatura do danado do boiler descer.
Mais uma arte para ilustrar a minha rica ausência de enquadramento e luz. Minha esposa tá falando que essa colagem parece um composite de manequim e que a Rancilio Silvia parece encardida. Quê?
Legal foi descobrir que o modelo ainda é oferecido pelo fabricante.
E, diferentemente da página da Gaggia, o site da Rancilio deixa a ficha técnica escancarada de cada máquina de espresso. Além do botão ‘Compare’ para você comparar as diferenças entre as máquinas da mesma marca.
Posso estar falando uma grande besteira, mas tudo isso me dá a impressão de que o fabricante Rancilio visa um público de baristas caseiros mais técnicos.
Tirando espressos em casa com a La Marzocco
No fim de 2016, totalmente mergulhado no mundo do café e com pouco mais de dois anos atuando como home barista, coloquei na página oficial do Barista Junior no Facebook três resoluções de ano novo:
Ter sempre bons grãos em casa,
Raramente tomar café da máquina da "firma" (só quando acabar o pó para AeroPress!) e
Comprar uma La Marzocco Linea Mini.
Por que essa última? Porque para mim a fabricante italiana La Marzocco é a Ferrari das máquinas de café espresso.
Comece a prestar atenção nas máquinas quando visitar cafeterias legais nas principais capitais do Brasil ou no exterior! Muitas, em seus balcões, têm uma Ferrari do espresso.
Foto de Occasionally Focused postada na rede Flickr logo após a chegada da sua La Marzocco Linea Mini. Engraçado foi ler nos comentários dessa foto como mais gente associa a marca à categoria de carros esportivos.
Ligada num mercado em crescimento, o de baristas domésticos, em 2015 a La Marzocco lançou a Linea Mini - a máquina de espresso para você ter em casa.
Louco por ela, juntei o que podia das minhas economias para cumprir minha humilde e pretensiosa resolução de ano novo.
Internamente, a Linea Mini se parece muito com boa parte das máquinas domésticas de espresso. Mas com uma qualidade bem superior de construção.
Um detalhe bem interessante, que me fez desejar muito essa danada, é seu controle de temperatura. Discretamente fixado do lado esquerdo e com um formato redondo e dentado, esse disco de cor preta você gira e regula a temperatura de extração. Muito bacana! Sentia muito a falta de recurso similar na minha Gaggia.
Seu duplo boiler acabou com aquele desafio que enfrentava com a Rancilio Silvia na hora de tirar uma xícara de espresso atrás da outra.
As fotos da Linea Mini peguei do website da La Marzocco. Eu espero que eles não se importem! Ela vem em quatro cores: aço escovado (qual seria a melhor tradução para stainless?), vermelha, preta e branca (a minha!)
A La Marzocco adotou um PID (Proportional-Integral-Derivative) para controle da temperatura da água, o que torna o ajuste bem preciso. Só que sem um controle digital, que você regula no botão. É numa argola mesmo. Isso pode ser, de certa forma, um pequeno ponto negativo para alguns coffee geeks. Não vejo dessa forma. Até porque em máquinas profissionais, essa configuração é bem chatinha de fazer também e não é para você ficar fuçando nisso toda hora.
Outro ponto interessante é a aresta para montar (aquecer) o leite. Já li sobre pessoas que tiveram uma certa dificuldade. Para mim, é mais uma coisa de adaptação a um novo equipamento.
No geral, é uma das máquinas de espresso mais caras para o mercado de home baristas. Para não falar a mais cara! É para quem curte mesmo e pode fazer o investimento.
A fabricante se preocupou muito em elevar a qualidade da máquina do barista doméstico. Ela promete, por exemplo, ser uma máquina preparada para o liga e desliga de qualquer casa, por exemplo. E muitas alternativas "caseiras" de mercado quebram, com o decorrer do tempo, justamente por esse motivo.
Se você observar o valor de venda na página norte-americana da fabricante verá que o trem é tipo artigo de luxo para nós brasileiros.
“A simplicidade da La Marzocco Linea Mini torna a preparação do café e o vapor do leite uma alegria pura.” - declaração do fabricante nesse vídeo do YouTube.
Será que vale ter uma "Ferrari" do café em casa?
Vale tudo isso? Logo de cara, os meus pobres conhecimentos dizem que sim. Poxa vida, é uma La Marzocco!
Questionei um Jedi do café sobre tema.
Até mesmo porque não é só ela que fará o seu espresso caseiro ficar magnífico, mas fundamentalmente um bom moinho faz uma diferença enorme também.
Eu acho que a Linea Mini demonstra que já existe uma cultura muito forte de pessoas apaixonadas por café. Existem por aí muitos home rosters (torradores domésticos) e a La Marzocco identificou exatamente esse mercado de pessoas que querem ser baristas em casa. É uma máquina cara, é sim. Mas também é caro você ter uma boa adega de vinhos. Se você for comprar uma máquina para casa, que ela seja uma que te dê chance de fazer um espresso melhor do que as máquinas automáticas. As La Marzocco têm pressão constante, temperatura controlada... elas te dão essa chance! Claro que com uma curva de aprendizado.
- Felipe Croce, do FAF Studio
O que preciso saber antes de comprar uma máquina de espresso para casa?
Uma coisa preciso contar.
Tão logo a Gaggia entrou na minha vida, acabei me rendendo aos vários acessórios para tirar um espresso em casa:
um tamper para comprimir o pó no porta-filtro;
um suporte de borracha para apoiar a compressão;
um pequeno lixo para o descarte de pó usado;
xícaras medidoras de volume (como as da foto da Gaggia);
Cafiza, o pó descalsificador para tanques de água quente e…
Outra coisa é vendabilidade da sua máquina de espresso.
As duas primeiras cafeteiras citadas no texto, eu as vendi ao longo do tempo. Por isso, encontrei várias fotos da Rancilio Silvia ao escrever este post anos mais tarde!
Foi subir naquele site super conhecido na América Latina para elas saírem bem rapidinho! E olha que foi no início de 2019 quando a cena do café especial nem estava tão fumegante no Brasil.
Por fim, siga testando para conseguir tirar em casa um café espresso agradável ao seu paladar e sem queimar todas as suas economias.
P.S.: Post original publicado em 28 de março de 2015 num blog experimental do Barista Junior e atualizado para este espaço.
